domingo, 13 de novembro de 2011

Frente & Verso

Bem vindos,

          Este é o blog do grupo de teatro amador Frente & Verso. Ao longo de todo o nosso percurso, este será um dos meios através do qual vos informaremos acerca dos nossos projectos, ou até mesmo dos projectos da companhia de teatro profissional Tapafuros.
          Mas que melhor maneira de começar esta viagem, senão apresentarmo-nos mais concretamente. O nosso grupo, Frente & Verso, nasceu no dia 24 de Setembro de 2011, sendo constituído por um grupo inicial de 9 pessoas, cujos nomes são: Paulo Gaspar, Inês Silva ( os criadores da ideia central do Frente & Verso ), Carlos Nogueira, Soraia Teixeira, Luís Francisco, Inês Figueiredo, Fábio Mendes, Diana Neves, André Almeida, contando ainda com o apoio de Diana David. O grupo é parte integrante da companhia de teatro profissional Tapafuros, pelo que lhes agradecemos pelo apoio dado até agora, e pelo bichinho do teatro que nos levou a criar tal ideia, e tal gosto pelo teatro, e que se deve em grande parte pelo actor/encenador dos Tapafuros Rui Mário.
          Deixamos ainda uma pequena produção nossa, representada ontem, 12 de Novembro de 2011, no espaço Doiséme no centro comercial Belavista em Mem Martins, durante a celebração dos 21 anos da companhia de teatro Tapafuros. Deixamos ainda a primeira foto de grupo com os 9 actores que constituem o Frente & Verso.


A inspiração nem sempre vem quando é conveniente, muitas vezes temos de esperar até que ela venha ao nosso encontro. Esperar… há tanto na vida que exige longas esperas. Esperamos por pessoas especiais, por novas oportunidades, por um futuro repleto de prosperidade que está num lanço de escada, no fim tem um abismo em espera. Porém, há a possibilidade de encaixe num outro lanço, e outro e assim continua, até onde podemos alcançar. Alcançar sonhos, objectivos. Agarrar futuros com duas mãos e persegui-los apesar de todos os obstáculos. Futuros que esvoaçam à nossa frente e que dependem meramente, e somente, da nossa força interior, e persistência ao longo do tempo. Tempo que passa por uns, como a água da mais pura fonte que corre pelo leito do rio, e que muda outros até os seus alicerces. Um tempo que não corrói nem degrada, mas que renova e materializa. Como o caminho que levemente, é suave e brusco ao mesmo tempo mas quando chega ao fim, olha-se para trás e vê-se um longo caminho percorrido, tão longo que chega até ao horizonte, tal Fénix dourada que renasce dos escombros de um fogo ardente mas cessante. Continuar é o que resta! Num outro caminho. Foi assim que o mundo começou, fizeram-se as fontes e a sombra das árvores, e cada pessoa deixou algo seu, marcado na terra, que nunca desapareceria e que se poderia chamar de alma. Ninguém precisava de aprender a voar, simplesmente já sabiam como estender as suas asas. Bailarinos sonoros, que encantam com o seu corpo a alma, loucos de uma doença pouco natural. O actor retira a máscara enquanto as cortinas caem, por detrás delas um sentimento de missão cumprida é gerado, a emoção fervilha a cem mil à hora e o actor prepara-se… As cortinas voltam a subir e o actor repõe a mascara, cheia de alimento para o actor, este agradece ao público. Máscara? É tudo, é mundo, não mundo, é ser e não ser. É uma máscara perdida, partida, reconstruída, brilhante. É uma máscara que sente, que une, que vê mas sobretudo que ouve e crê e que representa o mundo e o não ser. É uma máscara de momento, de representação… Representação: será sinónimo de fingimento? Não necessariamente. Representamos a realidade de acordo com a forma como a vemos com os nossos próprios olhos. Representar exige muitas vezes que sintamos o que a personagem sente, que acreditemos que as mentiras são de facto verdades. Verdades incontestáveis e contestáveis, não interessa, só há uma verdade no teatro e é a verdade humana (livre, pura e sentida) onde cada um dá de si, um espaço de partilha. Partilhar futuros e emoções, vivências! Energia cósmica que voa livremente pelo vazio que pode ser tudo, num continuum incessante e para sempre eterno, ou pode ser nada, preso na rotina do quotidiano. Incapaz de fugir da jaula formada por palavras, ordens e acções. Acções que ao contrário dos desejos não são reprodutivas, mas sim cativas e cativantes do ser e dos sonhos. Belos e diferentes. Uma realidade paralela inscrita nas mentes das pessoas com sentimentos que parecem tão reais como a realidade vivida. Bons ou maus também são os sonhos que dão objectivos à vida de cada um e então acabam por se tornar na realidade. Onde nada era verdadeiramente feito de matéria, mas a crueza do faz-de-conta doía e era pesada, como se de repente o oxigénio se tivesse transformado em chumbo, como se a única forma de escapar fosse para essa mesma realidade. Tão fria sem máscaras, mas tão suportável. Insuportável é no entanto a ausência do acto, o acto de fazer nenhum, o acto inexistente, o acto ausente. O necessário é fazer, fazer, fazer, fazer, viver, viver, viver. Sem o fazer não há viver, pois não há expressão da vida que faz de nós corpos transbordantes de energia. Energia que faz com que o actor seja tudo e seja nada. O actor tapa furos da cena, dá-lhe vida. Nas poças interiores tira a cabeça tão desalmadamente. Acende os pés e difunde-se aos bocados. Aos bocados se perde e aos bocados se encontra. Na solidão de um palco e na companhia de plateias, de paredes e objectos. Não é mais do que bocados de vidas, e de sítios. É muito mais do que o verbo viver, é a plenitude e o prazer de conseguir produzir e representar histórias da vida – de quem a vive e de quem a vê viver.

Abreijos,
Frente & Verso